sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Lance a lance

Lance a lance, consumia-lhe, uma vez mais, o espírito, aquele que surgira e, era, até certo ponto, divertido. Até este ponto, o ponto em que ela contornava tudo o que parecia linearmente acordado. Revoltava-o, profundamente, aquela capacidade de manter uma postura sem emoção até ao momento decisivo. Ele apercebera-se da inevitabilidade do jogo: iria perder sem grande demora... Não era a derrota que o irritava, mas a incapacidade de apreender qualquer sentimento de felicidade à medida que as jogadas se faziam notar no tabuleiro. Fazia-o sentir-se inseguro. Sentia que ela conseguia falsear o sentimento ou, pelo menos, neutralizá-lo de tal forma que o levava a duvidar, ridiculamente, digámos talvez, dos sentimentos dela.

... ( continua)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Vazio

Neste vazio profundo, uma vez mais...
A sede de deixá-lo empurrou-te mais fundo!
Já não sabes evitar, chama-lhe destino, chama-lhe sorte...
Verdadeiramente é a tua realidade, tem sido a tua realidade!
Não te desculpes, a ti mesmo, afinal a culpa não é tua!
É dos outros! Sempre foi! Até o foi a tua criação...
E viveste até agora sem culpa de nada.
Sentes-te inocente, nada do que tens ou és é culpa tua.
E agora que tentas ter culpas na vida, não consegues...
Porque não sabes como fazê-lo...
Porque ao primeiro toque és empurrado para fora do tabuleiro,
Rapidamente, tal mate louco.

0-1 uma vez mais.

0-1 já sem conta, e nem de brancas jogaste!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Confuso aquele

Confuso aquele que por medo se esconde dentro de si

Confuso aquele que sentindo embainha a voz da sensatez,
sensatez sofredora, sem escrúpulos

Confuso aquele que sabe o seu querer,
lutando pelo incerto, reprimindo as sensações,
duvidando dos momentos, esquecendo os olhares,
disfarçando os sentidos.

Confuso aquele que sentindo de alma
se figura controverso a si.