quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Dor...

Dor... Preenche-os a todos mesmo quando nada têm!
Dor... Mais vezes doi do que verdadeiramente sentem...

A cabeça isola-se de tudo o resto, concentrando-a, ampliando-a, gritando-a...
O corpo distante, amorfo, não reage, limita-se a fazer parte do resto...
Do nada...

Desistir... Surge no horizonte...
Cobardia mesquinha, falta de carácter repugnante, mas indolor...
Desitir...
O corpo reage, dá negas de razão à dúvida...

Desistir, desistir...
O coração bombeia, acelerando...
Desistir desistir...
Droga viciante, infesta tudo que o corpo esventrado alcança...

O pensamento torna-se vazio, um espaço informe, imperceptível, outrora um rol vivo de ideias...

Silêncio... Calma...
O coração bate leve, inundando de abismo os seus pertences...
Um nada apaziguador, reconfortante,
ocupa tempo, e no ápice de relaxamento,
no momento final do dia,

com satisfação amarga a dor é esquecida...

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Quando se espera...

Quando se espera... demora.
Quando se esquece... procura-se.

Quando a noite chega e o calor dissipa,
entre os gritos da geada que ameaça,
sente-se frio, de solidão, na ausência de quem mais não vem,
de quem ficou para trás, de quem teima em não ficar...

O coração vai gelando,
as mãos unem-se recebendo o bafo quente,
sentem ainda existir vida naquele único sinal,
abraçando o corpo cansado, afagando o incrédulo...

Os olhos cansados de partidas,
facilmente despertados pela novidade,
pela possibilidade de um chegar, e um permanecer...

As mãos esqueceram há muito a postura protocolar,
perdem-se no anseio do afecto teimosamente distante...
Culpa da procura desenfreada que todos envolvem no dia-a-dia,
culpa do medo da repetição, do banal, culpa do desejo,
da mutualidade de vivências...

Culpa do sujeito na vivência de si mesmo...