sexta-feira, 28 de março de 2008

Verdes Espinhos


Verdes Espinhos,
Me contentam:
A dor da alma,
A dor do ser..

Me formam:
Aberração calma,
Aberração de acontecer...

De ter o que falta,
Perseguir o fugido,
Cantá-la mais alta...
De que capaz não sou!!!

De esconder mais o surgido,
De tapar o revelado....
Não, não consigo mais!!!

Que vibre o mundo!,
Sabendo que formais desejos possuo
No mais profundo segundo.

(algures em 2005)


sábado, 15 de março de 2008

Volta breve

Hoje, ela disse-lhe que partia, em breve.
Apesar de não ser a primeira vez que anunciava tal acontecimento,
tocou no fundo, pior que qualquer outra dor...
Ela notara, ou talvez estivesse, apenas, a brincar...
“Pelo menos estamos bem! “ – reconfortou. Mas soou pior...
Apesar de tudo, do que vivemos juntos e do sonho que vai ficando perdido,
sente um vazio de algo que não lhe pertence...
Mas mesmo assim que lhe faz falta.
Vai doendo, e com o consumar da madrugada, prolonga-se...
Havia-lhe dito, como que adivinhando o que viria a sentir: “ Virei cá algumasvezes...”
Não tinha reparado mas só a última semana tinha sido verdadeira para ele...
Parece que com a partida eminente tudo deixou de ter sentido, um propósito...
Fora tudo tão intenso, tão voraz...
Só nos últimos tempos ele parara e pensara nos erros, na história...
De nada vale... Só saudade do que ainda é presente...
Saudades d’ ela que como veio se vai, feita estrela cadente...
Não grita, não exterioriza, remoi apenas e escreve, abafando a mágoa....
Pode ser sono, pode ser imaginação, pode ser verdade que tenta rejeitar...
Não quer ficar só num mundo que ainda não é o seu...
Tudo o resto parece banal, entediante, quando lembrados os momentos que ficaram...
Um nada vazio e a companhia da noite, em breve do dia...
O sono vai pesando e os olhos fechando....
O pensamento vem e vai como oscilação da dormência...
E antes de tudo o mais que antecede o amanhã:
“ Volta breve...” – pede, silenciosamente, para si....